31.5.05
30.5.05
RSS (e eu) no Estadão
Foto de Fabio Motta, da Agência Estado, tirada para ilustrar meu depoimento sobre RSS na extensa matéria sobre o assunto publicada no caderno Link do Estadão de hoje.
Update: só agora consegui o link direto para a matéria;
26.5.05
Rede de confiança
Em uma edição recente do For Immediate Release, Hobson e Holtz (nunca lembro quem falou o quê) discutiram a aplicação do fenômeno The Long Tail aos blogs e concluiram que um blog não precisa ter milhares de leitores para ser influentes. Bastariam uns dez internautas capazes de replicar aquela informação - seja em outros blogs, seja no "mundo real" - para ela começar a se alastrar. Isso vale também para a confiança: eu não preciso que a internet como um todo acredite no que eu escrevo, mas se uma ou outra pessoa que confia em mim comentar o que eu escrevi em seu blog, quem confia nela passará a acreditar na notícia também, e assim sucessivamente - esta não é uma das características das redes sociais?
Vale às avessas também: se você chegou aqui agora e não tem a menor idéia de quem eu sou, mas viu o link para o estudo da Edelman ali em cima e sabe que eles são referência na área da comunicação online, blogs, PR etc, acaba transferindo parte dessa reputação para mim. Não que qualquer um não pudesse citar uma fonte respeitável, mas o fato de a internet permitir que cliquemos nos links para verificar a veracidade da informação original certamente ajuda. E olhe que ainda nem citamos os sistemas automatizados de reputação, como o que move o Slashdot ou o que deveria existir em qualquer site de avaliações de produtos e serviços - assunto para um outro post.
Por fim, fugindo um pouco do assunto, lembro uma prática muito comum nas escolas americanas - pelo menos na região onde minha tia mora, no estado de Nova Iorque: no início do ano os pais montam uma rede de comunicação em estilo "pirâmide", usada para difundir informações para a escola toda rapidamente - em caso de suspensão das aulas por causa de uma nevasca, por exemplo. A escola avisa o pai do topo da pirâmide, que fica responsável por avisar outros dois, que entram em contato com mais quatro e assim por diante. Assim, cada pai só tem que dar dois telefonemas e logo a escola toda está avisada. A confiança nos blogs funciona mais ou menos assim: ninguém precisa confiar em toda a blogosfera, mas existe uma rede implícita que valida (ou não) as informações à medida em que se disseminam.
25.5.05
Como os jornalistas usam os blogs
The Long Tail
Vamos tentar resumir o fascinante conceito em dois parágrafos: tradicionalmente as empresas concentram seus esforços apenas nos produtos que mais vendem. No caso de livros, aqueles poucos bestsellers que vendem centenas de milhares de exemplares. Quanto menos um livro vende, mais para o "fim da fila" ele vai. Não aparece nos jornais, não é encontrado nas livrarias, é como se não existisse. Mas isso é uma restrição do mundo físico. Na Internet, esse livro continua existindo. Sozinho ele vende pouco, mas combinado aos milhares de títulos em condições semelhantes, o potencial é maior que o dos best-sellers. A tecnologia permite que elementos relelegados ao "rabo comprido" movimentem negócios.
A Amazon cresceu porque podia ter esses livros em suas prateleiras virtuais. Os serviços de música online cresceram porque têm canções que nem existem nas lojas. O programa de links patrocinados do Google é um sucesso porque inclui "veículos" e anunciantes do fim da fila (na primeira reunião de acionistas do Google, o presidente Eric Smith definiu a missão da empresa como "serving the long tail"). Os blogs estão se fortalecendo pois conseguem agradar a nichos que a mídia tradicional é genérica demais para atingir. Seu poder está na diversidade. Poucos são os blogs que tem a audiência de um jornal, mas com 60 milhões de blogs no mundo, seu alcance combinado não pode mais ser desprezado. Os últimos serão os primeiros!
24.5.05
Marketing viral para legumes e discos rígidos
O primeiro veio de um pressrelease da Hitachi sobre a tecnologia de gravação perpendicular de seus futuros HDs que trazia uma animação hilária explicando a novidade. A turma do Engadget chegou a solicitar às agências de assessoria de imprensa que daqui para frente só enviem press releases como aquele. Eu achei tão legal que acabei escrevendo sobre a tecnologia (e citando o vídeo) no WNews, JB e FórumPCs. Funcionou!
O outro é o Store Wars, um vídeo também engraçado, mas nem tanto quanto o da Hitachi - embora muito mais gente vai entender e seja extremamente oportuno. Foi feito para a Associacão do Comércio Orgânico dos Estados Unidos e mostra a rebelião de legumes como Cucumber Skywalker e Chewbroccolli contra o Império dos Supermercados e seus alimentos geneticamente modificados e cobertos de agrotóxicos liderados por Darth Potato, um ser que é meio vegetal, meio químico. May the farm be with you, disse o mestre Yogurt!
23.5.05
Em francês, blog se escreve com "c"
20.5.05
Tutoriais sobre RSS e Podcasting
RSS vira polêmica interna na Microsoft
19.5.05
Hill & Knowlton incentiva funcionários a blogar
China tem esquadrão de "apóstolos mercenários"
Segundo o site News24, que chama o grupo de cyber-agents, o governo da China já teria até admitido estar usando o artifício para manipular a opinião pública online. No fim do ano passado, 127 funcionários públicos de todo o país teriam sido treinados para a função em Pequim - a maioria selecionados por ter experiência prévia em relações públicas.
Yahoo Brasil cria blog para educadores
18.5.05
Governo indiano credenciará blogueiros
E aqui no Brasil, alguém sabe se um blogueiro não afiliado à mídia tradicional consegue acesso a eventos oficiais? A única informação que eu tenho é que no carnaval sempre era um parto conseguir credenciar alguém do site do jornal onde eu trabalhava. Até compreensível, dado o fato de que muitos dos credenciados pelos veículos tradicionais não iam para a Avenida exatamente para trabalhar e até consorte de diretor requisitava passe livre.
RSS chega aos celulares
16.5.05
Funcionários da IBM criam guia para blogs
13.5.05
Jornalismo participativo em toda parte
Essa tendência do jornalismo, também chamada de jornalismo open-source, é assunto da última coluna de Mario Lima Cavalcanti no Comunique-se. Recomendo a leitura! Para quem não é do meio jornalístico, um alerta: o site exige cadastro para leitura do conteúdo :-( Mario entrevistou Ana Maria Brambilla, que desenvolve um projeto de jornalismo participativo na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS e assinou um artigo sobre o tema no Webinsider.
12.5.05
Porque relações públicas e não publicidade
Aliás, esqueci de comentar um trecho muito interessante do relatório Trust MEdia citado no post anterior: uma das fontes declarou que, graças aos blogs, o trabalho de relações públicas finalmente tem a ver realmente com se relacionar com o público. Antes deles, esse trabalho praticamente só acontecia com o intermédio da mídia - daí a confusão entre as atividades de RP e assessoria de imprensa. Ah, e não falei também que Richard Edelman, presidente da empresa de PR que leva seu sobrenome e realizou o estudo junto com a Inteliseek, é também um blogueiro convicto. Mais um bookmark obrigatório!
11.5.05
As empresas de Relações Públicas e os blogs
Vide os estudos da Edelman e da Burson. O primeiro, chamado de Trust MEdia, diz que a nova geração confia mais em seus semelhantes do que na imprensa, o que explicaria a força dos blogs e fóruns na formação de opinião. O relatório da Burson, Tech-Fluentials, é uma evolução do estudo e-Fluentials, de 2000, que identificou um grupo de formadores de opinião capazes de "fazer oscilar os mercados de ações" com sua participação em blogs e fóruns. Leitura obrigatória para quem está estudando o assunto.
10.5.05
Find, listen, engage, empower
Basicamente, o que Steve defende é que o primeiro passo de uma estratégia de relacionamento online deve ser encontrar (Find) os formadores de opinião relevantes à sua área de atuação, em especial os evangelistas e vigilantes (ou apóstolos e terroristas, como me refiro a eles na minha monografia) que já discutem a sua empresa.
Depois, deve-se ouvir (Listen) o que eles têm a dizer - em muitos casos, como Robert Scoble e seu blog quase oficial sobre a Microsoft, só isso já é suficiente para dar uma nova cara à empresa ("Oh, eles querem saber o que pensamos!"). Uma das coisas interessantes da estratégia da Cooperkatz é que eles admitem que nem todo cliente estará pronto para se adequar aos quatro princípios. Na minha opinião, chegar até aqui já será uma grande vitória.
O terceiro princípio defende o engajamento (Engage) daquele público identificado no primeiro e ouvido no segundo. Converse com eles, responda suas críticas (seja com palavras, seja com ações), faça-os perceber que além de querer saber o que pensam, você se preocupa em agradá-los. O engajamento pode ser exclusivamente online, mas também pode ganhar o mundo real. Promova um encontro com esses formadores de opinião, por exemplo.
Por fim, o princípio do fortalecimento (Empower) - agradeço sugestões de um termo melhor, que continua me fugindo à cabeça. Aqui você dá ferramentas a seu público para que continuem falando de você. Fornece produtos para avaliação, estimula a divulgação de sua marca por seus evangelistas (a campanha Get Firefox é um marco do empowerment do consumidor) etc.
Os princípios estão bem melhor explicados no blog do Steve, mas espero pelo menos ter despertado o interesse de quem ler este post para o assunto.
9.5.05
Micropersuasion: o blog dos blogs
Steve trabalha na agência de relações públicas Cooperkatz & Associates, de Nova Iorque, e criou seu blog como forma de acompanhar mais de perto as novidades do mundo da informação. Acabou se tornando um papa do assunto, foi citado em inúmeras matérias da grande imprensa sobre a revolução dos blogs, eleito uma das 100 pessoas que você tem que conhecer pela revista Media Magazine e por aí vai. Steve, que é vice-presidente de serviço ao cliente da Cooperkatz, acabou convencendo a agência a lançar uma iniciativa de relacionamento com os novos formadores de opinião e emprestou a marca Micropersuasion a ela. Mais sobre isso no futuro...
8.5.05
Vão embora, por favor!
A definição de Searls para os blogs me lembrou um treinamento sobre Internet que ministrei quase dez anos atrás, em uma grande empresa de comunicação brasileira. Ao apresentar o conceito de hiperlink, fui interrompido por um dos participantes mais graduados, com a seguinte orientação para seus colegas e subordinados: "Nosso site só poderá ter links para outras páginas do próprio site. Não queremos perder visitantes para os concorrentes." Eu já era contra esse raciocínio naquela época e sempre incentivei os links em todos os sites onde trabalhei. No mundo dos blogs, então, fica cada vez mais claro que os internautas preferem aqueles que lhes servem de ponto de partida para outros destinos interessantes.
7.5.05
Então nós somos é diaristas?
Para ele, os blogs são "journals" (mantive em inglês para o raciocínio fazer sentido). Logo, quem faz um blog é um "journalist", e não há porque ficar discutindo se blog é jornalismo ou não, já que (em inglês) o termo não está rigidamente associado à imprensa tradicional, ou MSM (Main Stream Media). Estendendo esse raciocínio, quem anda reclamando que os blogueiros se acham jornalistas deveria, então, se definir como "newspaperist", "magazinist" ou coisa parecida e esquecer o assunto.
Pelo menos até ver um dos provocantes cartuns do Gaping Void sobre o assunto, como este que diz que as revistas só não são mais descartáveis do que as pessoas que trabalham nelas...
Já no idioma de Camões, em que "jornal" e "jornalista" são bem mais próximos que "newspaper" e "journalist", talvez os blogueiros é que devessem se descrever como "diaristas", já que escrevem "diários" (uma tradução mais adequada de "journal" do que "jornal"). O problema é que outras categorias profissionais já se apropriaram do termo e a maioria de nós prefer ser associado a um jornalista do que a uma empregada doméstica ou motorista de táxi. Enquanto não aparece uma solução melhor, continuamos blogueiros mesmo...
6.5.05
O velho e tradicional e-mail...
Perceberam a dimensão do trecho entre aspas? E-mail virou "forma de comunicação tradicional"! Por tabela, aquilo que chamavamos de correio convencional é cada vez mais uma coisa do passado. Nem as sessões de cartas dos leitores recebem mais cartas de verdade em número relevante - basta olhar aquelas estatísticas que as revistas semanais costumam publicar ou prestar atenção às assinaturas das cartas nos jornais. No Globo de hoje, por exemplo, absolutamente todas as "cartas" chegaram por e-mail ou via Globo Online. Quem acha que estar na Internet e ter é mail é ser moderno, deve começar a reconsiderar seriamente esta posição.
E já que mencionamos o For Immediate Release (FIR): gravar um programa de "rádio" no seu computador e distribui-lo po RSS, mais ou menos o que define um podcast, também já não é tão high-tech assim. O quente é fazê-lo como a dupla Neville Hobson e Shel Holtz, os apresentadores do FIR: o primeiro de Amsterdam, na Holanda, e o segundo de Concord, na Califórnia (EUA), comunicando-se pelo Skype, o programa que tornou a voz-sobre-IP acessível. O melhor de tudo: se eles não contassem, a maioria nem perceberia, tão boa é a qualidade do som. Para quem entende inglês, é um podcast que eu definitivamente recomendo assinar.
5.5.05
Apague tudo o que você sabe sobre Comunicação
Há quase um ano venho colhendo evidências de que estamos no meio de mais uma revolução da Comunicação, especificamente na área do Marketing e das Relações Públicas. Uma revolução provocada pelos fóruns, comunidades online, redes sociais, blogs, RSS, wikis, podcasts e afins. Cheguei a estudá-la parcialmente na monografia do MBA que fiz na Coppead, no ano passado, mas encontrei muito pouco material sobre o assunto e terminei o trabalho com plena consicência de que ainda havia muito a ser dito.
No início do ano, voltando de um evento no exterior e depois de ter lido nas conexões anteriores todas as revistas que costumo comprar quando viajo , acabei pegando uma Fortune cuja capa era "As dez tendências tecnológicas para 2005". A primeira delas falava sobre a crescente importância dos blogs e, embora eu saiba que isso não teria sido possível, parecia que os autores tinham lido minha monografia. Viva! Existe mais gente discutindo isso, afinal! (Depois vi que havia MUITA gente discutindo, mas nem com meus quase dez anos de experiência em Internet eu tinha conseguido encontrar o mapa da mina até então)
Ao longo dos últimos meses a discussão começou a esquentar, eu mesmo passei a prestar mais atenção no assunto e me propus a dar algumas aulas sobre o impacto das novas tecnologias na Comunicação na Veiga de Almeida, uma universidade aqui do Rio. Isso acabou me obrigando a pesquisar ainda mais, a organizar as idéias, a procurar material de leitura para recomendar aos alunos. O interesse foi crescendo ao ponto de eu sentir que precisava fazer alguma coisa, que tinha o dever de tentar mostrar ao mundo - ou pelo menos ao mundo que prefere ler sobre isso em português - o que está acontecendo por aí.
Assim surgiu este blog, que entra na rede neste cabalístico 05/05/05 em caráter experimental, com ferramenta de publicação e domínio provisórios, para não ficar ainda mais atrasado do que já está. Reciclando novamente as palavras que Jeffrey Harrow consagrou em sua newsletter The Rapidly Changing Face of Computing e que eu já havia usado como título de minha primeira (e malsucedida) incursão no mundo dos blogs, em 2002, Do not blink! As coisas estão acontecendo rápido demais até para quem está prestando atenção acompanhar.